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Setor Petrolífero – Conheça o Cenário e Desafios Socioambientais

A atividade econômica mundial, a evolução das reservas e produção de petróleo, e consequentemente de seus estoques, juntamente com a pauta de eficiência energética e procura por produtos substitutos, fazem com que o preço internacional do petróleo sofra recorrentes variações.

Entretanto, ao analisarmos os momentos em que o preço do barril superou os US$ 100, percebemos que os fatores que mais influenciam na dinâmica do setor petrolífero ao longo dos anos, são os eventos geopolíticos, que interferem diretamente na oferta e demanda do combustível.

Entenda a história do Setor Petrolífero

A primeira vez foi em 2008 quando o barril de brent (sigla que, normalmente, acompanha a cotação do mercado do petróleo e indica a origem do óleo e o mercado onde ele é negociado) chegou a custar US$147,50 no mercado europeu. O aumento histórico do preço do petróleo se deu pelas tensões geopolíticas que estavam acontecendo no Irã, Nigéria e Paquistão e ao aumento da demanda dos países emergentes e da China.

Em 2011, os maiores produtores de petróleo do Oriente Médio estavam passando pelos protestos da Primavera Árabe, o que fez novamente o preço passar de US$100 por barril. Já no ano de 2012, ocorreu o início das sanções econômicas impostas ao Irã pelos Estados Unidos, por supostamente estar desenvolvendo armas nucleares que também elevaram consideravelmente o preço do combustível.

Com a Guerra da Síria em 2014, o preço do barril de petróleo voltou a atingir patamares históricos. E em um ataque terrorista, em 2019 na Arábia Saudita, o preço chegou ao patamar mais alto em 30 anos, além da influência da guerra comercial entre EUA e China, e cortes de produção prometidos pela Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP) e seus aliados.

Em 2020, vemos a queda da demanda e consequentemente do preço do petróleo causada pela pandemia da Covid-19, situação que mudou o cenário do mercado petrolífero em 2021 em que se teve um aumento do preço por conta da alta demanda pela retomada da economia em função da vacinação e ao mesmo tempo, controle da oferta pela Opep.

Dinâmica de preço do Mercado Petrolífero

A questão é que grande parte da oferta global de petróleo vem do Oriente Médio, uma região marcada por conflitos étnico-religiosos internos e sujeita a interferências de potências globais, o que causa uma volatilidade muito grande em relação ao preço dessa commodity.

Na tentativa de organizar o setor petrolífero, foi criada a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep), um organismo intergovernamental, no ano de 1960, que tem como função a regulamentação da produção e comercialização do petróleo para os seus membros, tornando o produto deles mais competitivo no mercado.

A organização é responsável pelo controle do preço dos barris e do balanço do fornecimento de petróleo, atuando como um agente diplomático no cenário político internacional, evidenciando a importância da geopolítica para a dinâmica de mercado deste produto. Atualmente, temos como integrantes do grupo a Angola, Argélia, Líbia, Nigéria, Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos, Irã, Iraque, Kuwait, Qatar, Equador e Venezuela.

Além deles, temos uma expansão dessa organização, nomeada OPEP+ que conta com mais 10 grandes exportadores do combustível, que são o Azerbaijão, Bahrein, Brunei, Cazaquistão, Malásia, México, Omã, Rússia, Sudão e Sudão do Sul.

Um dos mecanismos mais eficientes usados pela Opep para estabilizar o preço do petróleo é fazer acordos para reduzir sua produção, ocasionando na escassez de oferta. Como os países-membros da Opep têm grande dependência econômica da exportação de petróleo, eles compartilham o interesse de que o preço esteja sempre relativamente alto.

  • A atual situação do Setor Petrolífero

Como trazido anteriormente, conflitos envolvendo nações importantes para produção e exportação de petróleo afetam diretamente sua comercialização e essa dinâmica não seria diferente para o atual conflito entre Rússia e Ucrânia, que se iniciou em fevereiro de 2020.

A Rússia é o segundo maior produtor de petróleo do mundo, interferindo diretamente na lei da oferta e demanda dessa commodity. Uma semana depois do início da Guerra, o petróleo já subiu para quase US$120 por barril, preço recorde para esse combustível nos últimos 10 anos.

Isso se deu por conta de um cenário já pessimista em torno da oferta mundial da commodity que se instaurou depois da flexibilização das medidas contra a pandemia do covid-19 e a abertura e crescimento do mercado.

Junto com o receio da retaliação de Putin ao Ocidente, controlando a saída do produto e as futuras sanções econômicas impostas à Rússia, o mercado de energia se encontrou em uma situação muito grave, colocando em pauta a ameaça da segurança energética mundial.

Diante dessa situação e a continuidade do aumento dos preços do barril de petróleo, os Estados Unidos entre outros países anunciaram a liberação de 60 milhões de barris de seus estoques de emergência, na tentativa de diminuir e estabilizar os preços do setor petrolífero. Além de forçar a Opep e seus aliados (Opep +) a acrescentarem mais 400 mil barris por dia (bpd) à sua produção por preocupações com a oferta crescente desde o início do conflito.

  • Desafios do Setor Petrolífero no Brasil 

O petróleo tem uma participação expressiva no mercado brasileiro, ocupando o segundo lugar no ranking das principais atividades econômicas do país. Somente em 2021, foram exportadas mais de 67 milhões de toneladas de petróleo, sendo o terceiro produto mais exportado no ano, perdendo somente para soja e minério de ferro.

É importante ressaltar que a indústria do petróleo interfere diretamente em outros setores. Tanto a soja, quanto os minérios metalúrgicos, trazidos anteriormente, dependem dessa indústria para logística e distribuição, dado ao modelo de transporte nacional ser majoritariamente rodoviário.

O setor de transporte é o que mais utiliza o petróleo, totalizando em média 50% do total consumido. Do restante, 25% são aplicados em indústrias químicas e para a geração de energia em usinas termoelétricas, e os outros 25% para as demais indústrias.

O Brasil ocupa a 8ª posição no ranking de grandes produtores e exportadores mundiais de petróleo. Entretanto, mesmo sendo um grande fornecedor e sendo considerado autossuficiente na produção de petróleo, ainda é necessário comprar barris de outros países para misturar com o petróleo brasileiro (o chamado petróleo blend), para que o produto consiga passar pelas refinarias brasileiras.

Mesmo importando, as refinarias não dão conta de atender a toda a demanda do mercado brasileiro para os derivados, como diesel e gasolina. Por isso, o Brasil precisa comprar combustíveis, que não são nada mais que o petróleo já refinado. Ou seja, o país importa petróleo bruto e derivados, como gasolina e óleo diesel. Nesse sentido, é possível afirmar que o Brasil não é autossuficiente na produção de derivados.

O MME (Ministério de Minas e Energia) divulgou uma nota no dia 27 de maio informando que está monitorando os “fluxos de oferta de petróleo, gás natural e seus derivados, nos mercados doméstico e internacional” desde o início da guerra entre Ucrânia e Rússia. Isso porque a Petrobras alertou o Governo sobre o possível desabastecimento de diesel no segundo semestre de 2022.

De acordo com a nota, os estoques em conjunto com a produção nacional, seriam suficientes somente para suprir as necessidades do país por 38 dias. Cenário preocupante, mas que, ao mesmo tempo, abre portas para novos tipos de combustíveis ganharem espaço no mercado de energia, entre eles o Biogás e Biometano.

Além disso, cabe mencionar a oportunidade criada no contexto do Novo Mercado de Gás para a produção e uso do biogás em combinação com o mercado do gás natural, que é um caminho para diminuir as emissões de carbono, evidenciando uma sinergia positiva entre o combustível fóssil e o renovável, no processo de transição energética.

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Equipe de Redação

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