No Dia Internacional da Mulher, convido a todos a refletir sobre a evolução da presença das mulheres no mercado de trabalho, o que você acha das conquistas e os desafios superados até o momento?
Eu vejo que o cenário corporativo vem passando por uma revolução incrível nas últimas décadas, a tecnologia transformou completamente a forma como trabalhamos, como nos conectamos com pessoas do mundo inteiro, e em paralelo principalmente a inserção das mulheres no mercado de trabalho que vem gradativamente ocupando seu espaço e provando o quanto a diversidade é uma força motriz para a inovação e o sucesso das corporações, mas ainda sim a jornada das mulheres pela frente continua exigindo muita resiliência, adaptação e uma busca contínua por equidade.
Historicamente, as mulheres enfrentaram (e enfrentam) barreiras significativas para ingressar e crescer no mundo corporativo, com o estigma que estariam fadadas ao seu papel de mães, donas de casa e outras funções não corporativas, o que podemos ver que não é bem assim.
Embora exista um longo caminho a percorrer – nas taxas atuais, pode levar cinco gerações ou 134 anos para atingir a paridade de gênero em todo o mundo, de acordo com o Relatório Global de Desigualdade de Gênero de 2024 do Fórum Econômico Mundial.
A participação das mulheres na força de trabalho nos 101 países monitorados pelo relatório nos últimos 18 anos aumentou além dos níveis de 2023 – de 63,5% para 65,7%. E, felizmente, a participação feminina também tem aumentado em diversos setores, incluindo aqueles tradicionalmente dominados por homens, como engenharia, tecnologia e gestão.
Porém, a igualdade de oportunidades ainda não é uma realidade universal. As mulheres representam 42% da força de trabalho global e 31,7% dos líderes seniores, ficando atrás dos homens em quase todos os setores e economias, de acordo com dados do LinkedIn citados no relatório do Fórum.
Embora as mulheres ocupem 50% dos cargos de nível básico, elas ainda não têm acesso à C-level, com apenas 25% dos cargos de topo. Ou seja, os cargos de liderança ainda são majoritariamente masculinos, o que reforça a importância de políticas corporativas inclusivas e programas de desenvolvimento para mulheres.
Diante desse cenário, torna-se fundamental discutir como empresas e sociedade podem colaborar para acelerar essa transformação, garantindo que as mulheres tenham as mesmas oportunidades de crescimento e impacto no mundo corporativo.
Como mulher ocupante de um cargo de C-level, acho importante trazer aqui para vocês os principais desafios enfrentados, as conquistas alcançadas e o papel essencial que as organizações podem desempenhar na promoção da equidade de gênero.
Principais desafios enfrentados pelas mulheres no mercado de trabalho
Apesar dos avanços, as mulheres continuam enfrentando muitos desafios, como o preconceito de gênero, desigualdade salarial, sobrecarga de responsabilidades, dificuldade de acesso a oportunidades de crescimento profissional, assédio moral e/ou sexual e rede de apoio limitada ou inexistente.
A “síndrome da impostora”, termo utilizado para descrever a insegurança de muitas mulheres em relação às suas próprias conquistas, também é um fator que impacta suas carreiras.
Além disso, a maternidade infelizmente ainda é vista como um obstáculo profissional. Muitas mulheres relatam dificuldades para conciliar a carreira com a vida pessoal, enfrentando preconceitos no ambiente corporativo, sobrecarga e falta de apoio em afazeres domésticos e desafios na busca por um equilíbrio saudável entre suas múltiplas responsabilidades.
Relatos de mulheres apontados na pesquisa intitulada “Entre voltas e (re)voltas: um estudo sobre mães que abandonam a carreira profissional” indicam que, na maioria dos ambientes profissionais, a maternidade é vista com uma certa resistência. Situações em que a mulher precisa se ausentar por motivo de doença do filho ou em razão da amamentação são alguns dos exemplos de demandas que impactam diretamente o olhar dos empregadores.
Um outro estudo que li, realizado pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) revela outra grande preocupação: existe uma queda na empregabilidade após o período gestacional. O levantamento indicou o seguinte dado: quase metade das mulheres que tiraram a licença-maternidade foram dispensadas após 24 meses.
Como consequência, muitas mulheres “desistem no meio do caminho” e renunciam aos seus projetos pessoais e profissionais para se dedicarem exclusivamente ao exercício da maternidade. Outras recorrem aos trabalhos informais ou ao empreendedorismo, ainda que enfrentem dificuldades para manter o equilíbrio das funções.
Segundo dados estatísticos divulgados pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), 75% das donas de negócios, no Brasil, começaram a empreender após a maternidade.
Neste sentido, torna-se essencial que empresas e instituições adotem medidas concretas para garantir um ambiente de trabalho mais inclusivo e equitativo.
Flexibilização de jornada, programas de mentoria e apoio à parentalidade são algumas das iniciativas que podem contribuir para reduzir essas desigualdades e proporcionar às mulheres mais oportunidades de desenvolvimento profissional.
Empresas com maior diversidade de gênero: mulheres em posições de liderança
Apesar dos dados sobre a desigualdade de gênero em cargos de liderança, o avanço da presença feminina nestas posições podem ter um impacto transformador nas organizações. Empresas com maior diversidade de gênero em suas lideranças tendem a apresentar melhores resultados financeiros, inovação e engajamento dos colaboradores.
Um estudo da consultoria McKinsey revelou que organizações com maior equilíbrio de gênero na alta gestão têm 21% mais chances de obter lucros acima da média do mercado e 27% mais probabilidade de criar valor agregado em relação às empresas menos diversas.
Além dos benefícios financeiros, a inclusão de mulheres em posições estratégicas transforma a cultura organizacional, promovendo maior empatia, diversidade de pensamento e tomadas de decisão mais equilibradas.
Grandes líderes femininas de setores como varejo, tecnologia e software empresarial, são exemplos de como a presença feminina em cargos executivos pode gerar impactos positivos no mundo dos negócios.
No entanto, o caminho para a equidade de gênero na liderança ainda é longo. Barreiras culturais e estruturais persistem, e muitas mulheres enfrentam dificuldades para alcançar o topo da hierarquia corporativa.
O avanço nessa questão depende de mudanças culturais e organizacionais profundas, como a implementação de programas de liderança feminina, políticas de diversidade e inclusão, além de um compromisso genuíno por parte das empresas em criar ambientes mais igualitários.
A valorização das mulheres na Ecogen
Na Ecogen, acreditamos que a diversidade e a inclusão são pilares essenciais para a sustentabilidade e evolução do nosso negócio. Não é apenas sobre cumprir uma meta ou seguir uma tendência, é sobre construir um ambiente onde cada pessoa se sinta valorizada e tenha espaço para crescer, não importa seu gênero.
“O selo GPTW reforça nosso compromisso em construir um ambiente de trabalho verdadeiramente equitativo para todos os nossos colaboradores, com destaque especial para as mulheres que fazem parte de nossa equipe.”
É com imenso orgulho que pelo quinto ano consecutivo, conquistamos a certificação Great Place to Work (GPTW), uma conquista reflete nossos esforços constantes em promover um espaço onde as mulheres não apenas participem, mas tenham voz, lugar de fala, liderem e cresçam profissionalmente, desenvolvendo suas habilidades e alcançando novos patamares em suas carreiras.
Como Diretora de RH, Compliance e Suporte ao Negócio, tenho o privilégio de ver diariamente o impacto positivo de um ambiente inclusivo. Criamos políticas que incentivam a equidade salarial, garantindo que talento e desempenho sejam reconhecidos de forma justa, além disto fomentamos a progressão de carreira feminina, oferecendo programas de desenvolvimento e oportunidades claras de ascensão. E sabemos que o equilíbrio entre vida pessoal e profissional é crucial, por isto, promovemos a flexibilidade necessária para que nossas colaboradoras possam conciliar suas diversas responsabilidades sem renunciar às suas aspirações.
Reconheço que ainda há desafios a serem superados. Questões como a representação feminina em áreas operacionais, eliminação de vieses inconscientes são metas que continuamos perseguindo com determinação. E celebro muito o quanto já avançamos, com aumento da representatividade feminina na organização em todos os níveis hierárquicos, tanto em áreas de suporte como de negócio e o potencial que temos ainda para crescermos juntas muito mais. Cada passo adiante é uma vitória compartilhada e uma inspiração para que outros sigam o mesmo caminho.
Neste Dia Internacional da Mulher, reforço meu compromisso pessoal e o da Ecogen em continuar promovendo iniciativas que ampliem as oportunidades para as mulheres dentro da nossa organização e no mercado como um todo. Acreditamos que ao empoderar mulheres, estamos não apenas fazendo o que é certo, mas também impulsionando a inovação e o sucesso de nosso negócio.
Meu convite final é para que todos os nossos colaboradores, parceiros e a comunidade em geral se unam a nós nesta jornada. Juntos, podemos construir um futuro mais justo e igualitário para todas, onde o talento é reconhecido independente de gênero e onde a cada pessoa tem a chance de alcançar seus sonhos.
Que possamos seguir avançando rumo a um futuro mais justo e igualitário para todas!