Transição e eficiência energética, descarbonização e fontes renováveis, são palavras-chave no combate às mudanças climáticas. Países se esforçam para cumprir uma agenda urgente, na tentativa de evitar que o aquecimento global ultrapasse patamares insustentáveis e investem pesado no balanceamento das suas matrizes, substituindo as fontes mais poluentes por fontes limpas e renováveis.
Em outra vertente, no entanto, também estão com foco voltado para a redução de consumo, adaptando hábitos e incorporando tecnologias mais avançadas. Uma prova disso é que, conforme o último relatório de mercado produzido pela Agência Internacional de Energia (AIE), os investimentos globais em eficiência energética – como reformas de edifícios, transporte público e infraestrutura para carros elétricos – somaram US$ 560 bilhões em 2022, alta de 16% em relação a 2021.
O uso racional de energia, seja na forma de eletricidade, gás, biomassa, mineral ou combustível líquido, parece um conceito óbvio, pois são recursos finitos e muito caros. No Brasil, produzir mais consumindo menos, ainda é um desafio a ser resolvido adequadamente.
De acordo com o mais recente ranking elaborado pelo Conselho Americano para uma Economia Eficiente em Energia (ACEEE, na sigla em inglês), o Brasil, em 2022, ocupava a 19ª colocação em relação a evolução no uso racional de energia, entre 25 economias globais que mais consomem. Houve avanço positivo em comparação a relatórios anteriores da ACEEE, uma vez que, em 2016, o país estava na 22ª colocação. Há, porém, um trabalho mais efetivo a ser realizado, porque o México, por exemplo, cuja economia tem tamanho menor, ficou em 14º lugar em 2022, exibindo progresso superior ao Brasil. Lembrando ainda que o país da América do Norte já chegou a alcançar um notável 12º posto, em 2018.
Dependência da Matriz Elétrica e Combustíveis Fósseis
No Brasil, historicamente, a política energética esteve sempre muito pautada por um forte viés de oferta. Tanto a expansão da capacidade instalada de geração de eletricidade como a produção de combustíveis fósseis mereceram maior prioridade e investimentos. Mas, em contrapartida, não há essa mesma atenção em torno de como esses insumos são usados ou se sua destinação é devidamente apropriada.
O país só foi obrigado a levar mais a sério a questão da eficiência energética em momentos bem específicos e críticos. Exemplo disso, foi o racionamento de eletricidade enfrentado em 2001. Naquele momento, a população e o setor produtivo estiveram juntos e empenhados em economizar energia elétrica sob ameaça de um apagão abrangente e de maiores consequências, caso não fosse adotada uma reação rápida e eficaz. Houve restrições aos consumidores, que tiveram que obedecer a cotas, sob penalidades pecuniárias cobradas diretamente na conta de luz. A economia brasileira, por sua vez, sofreu prejuízo de bilhões de reais, por descuido de planejamento, em meio a uma crise hídrica que reduziu drasticamente a produção das usinas hidrelétricas, ainda hoje a principal fonte de abastecimento em nível nacional.
Em 2021, mais uma vez, o país se viu às voltas com outro episódio de escassez hídrica. Desta vez, sem privação em termos de fornecimento de eletricidade, mas com a imposição de custos tremendamente elevados à população, que arcou com custos tarifários adicionais como forma de financiar as companhias de distribuição de energia, obrigadas a comprar seu suprimento de usinas termelétricas movidas a combustíveis fósseis a custo muito superior.
Atualmente, tanto as tarifas como os preços dos combustíveis fósseis seguem em tendência de alta. Independentemente, porém, de questões internas – como custo dos investimentos, gargalos nos sistemas de transmissão de energia, inflação elevada e o peso excessivo de impostos e subsídios – o Brasil se vê, de novo, defronte a desafios complexos. E dessa vez causados por fatores globais.
A guerra entre Rússia e Ucrânia que, em fevereiro de 2023 completou um ano de combates, colocou o mundo em xeque quanto ao abastecimento de gás e petróleo, cujos respectivos recursos de transporte e abastecimento foram fortemente afetados, seja por problemas logísticos, seja por sanções comerciais impostas pelo bloco ocidental à nação invasora. Em paralelo, há a necessidade de cumprir compromissos de corte de emissões de CO2, conforme acordos internacionais firmados para combater as mudanças climáticas.
Oportunidades para a Eficiência e Transição Energética
A demanda por ações focadas em eficiência energética, ante esse cenário, tende agora a ganhar maior destaque no Brasil, ainda que existam algumas incertezas turvando o horizonte enxergado pelo mercado.
De um ângulo favorável, há o atual comando do governo federal dando demonstrações de que pretende retomar a agenda ambiental, acenando, inclusive, com projetos que pretendem atrair recursos internacionais para a preservação da Amazônia. O diálogo com outros países começa a ser retomado, prenunciando a possibilidade de parcerias efetivas que levem a aportes destinados a ações envolvendo transição energética.
De acordo com dados da Empresa de Pesquisa Energética (EPE) – estatal ligada ao Ministério de Minas e Energia -, o setor industrial brasileiro responde hoje por pouco mais de 30% de todo o consumo energético do país. Essa fatia inclui combustíveis, gás natural, eletricidade e biomassa. Em relação a eletricidade, especificamente, as indústrias demandam 35%. Como a conta de luz é apontada como um dos três maiores custos no setor, justifica-se um foco mais centrado em ações que busquem melhorar ainda mais sua eficiência energética.
O país fez progressos significativos nesse quesito ao longo das duas últimas décadas. O Programa Nacional de Conservação de Energia Elétrica (Procel) calcula que nesse período o setor industrial, graças a ações diversas, conseguiu poupar 800 Gigawatts/hora (GWh), mediante investimento de R$ 100 milhões.
A EPE estima, contudo, que até 2031 seria possível avançar ainda mais e reduzir para 32% o consumo energético geral da indústria. Em energia elétrica, por exemplo, o potencial de economia chega a 32 Terawatts/hora (TWh), o que equivale ao volume de geração de eletricidade da parte brasileira da usina hidrelétrica de Itaipu, a segunda maior do mundo em capacidade instalada (14 GW). Ainda de acordo com dados da EPE, os segmentos de alimentos, bebidas e papel e celulose, são alguns dos que podem ter ganhos importantes nesse horizonte.
Para as empresas, focar em eficiência energética significa, na prática, reduzir custos, melhorar a competitividade, reduzir emissões de gases de efeito estufa e assim contribuir no combate às mudanças climáticas.
É importante observar que o conceito de uso racional de energia foi bastante ampliado ao longo do tempo. Agora, além de decisões mais básicas como da troca de iluminação e substituição de condicionadores de ar, por modelos mais modernos e econômicos, inclui um conjunto de ações assertivas, envolvendo três dimensões principais: descentralização, digitalização e descarbonização.
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O ponto de partida é a realização de um diagnóstico geral que vai identificar os pontos críticos do sistema de produção que podem ser melhorados, envolvendo até mesmo comportamentos e hábitos da parte da direção e dos colaboradores. As ações a serem indicadas vão desde substituição de tecnologias, passando pelo balanceamento do uso dos energéticos utilizados e uso de automação, até a análise da viabilidade de aquisição de eletricidade via contratação no mercado livre, em geral mais vantajosa do que custear os reajustes tarifários periódicos aos quais as concessionárias de distribuição são submetidas.
Feitas as mudanças, manter todo o ecossistema fabril plenamente calibrado sempre foi um grande desafio, mas que agora está solucionado por meio de acompanhamento, em tempo real, de todo o desempenho de cada processo. Avanços recentes em sensoriamento eletrônico permitem que esse procedimento seja feito inclusive pelos gestores, via celular, ou por meio de uma plataforma, como por exemplo o Ecogen 360º.
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Companhias de elevada experiência nessa área, como as ESCOs – Energy Service Company -, são o melhor caminho para auxiliar as indústrias quanto às estratégias mais adequadas na hora de optar pela adoção de programas de eficiência, orientando, inclusive o enquadramento necessário para certificação dentro da norma internacional ISO 50001, que estabelece requisitos para a implantação de um sistema de gestão de energia visando a perpetuidade de ações de eficiência energética. O ganho econômico obtido no atingimento de metas é, em geral, uma das formas de remuneração mais utilizadas pelos serviços prestados.
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