O Brasil vive uma grave crise energética em 2021, com riscos de racionamento de energia e até mesmo apagões. Esta situação ocorre, em grande parte, pela maior crise hídrica do país nos últimos 91 anos, marcada pela falta de chuva e, consequentemente, pelo desabastecimento dos reservatórios de usinas hidrelétricas.
Além de prejudicar o consumidor final com o aumento no valor das contas de energia e água, a crise hídrica traz grande preocupação ao setor industrial, já que ela surge em um momento de retomada das atividades econômicas depois do período mais crítico da pandemia.
O risco de falta de energia e o alto custo para a sua geração podem prejudicar a produção industrial e, com isso, contribuir com o aumento da inflação e uma piora no cenário econômico do País.
Motivos da crise energética
Uma das principais razões para a atual crise energética brasileira é a sua elevada dependência de hidrelétricas para a geração de energia. Apesar da diversificação concretizada ao longo dos últimos anos, cerca de 65% dos recursos energéticos do País ainda são provenientes das usinas hidrelétricas.
Dessa forma, em épocas de seca, como a atual, os reservatórios dessas usinas ficam em níveis baixos. Por consequência, sem água para passar pelos geradores, não há produção de energia.
Segundo dados do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), no início de setembro, os reservatórios que abastecem as hidrelétricas das regiões Sudeste e Centro-Oeste operavam com 20,66% de sua capacidade. No Sul, o volume era de 26,47% e no Nordeste, 48,53%. Somente a região Norte (com volume de 69,44%) operava acima da capacidade considerada a ideal, que é de 60%.
Falta de chuva
A degradação dos biomas brasileiros e o desmatamento da Amazônia, que têm se intensificado nos últimos anos, são as principais razões para a atual falta de chuva. O desmatamento prejudica a circulação atmosférica e a transferência de umidade da Amazônia para as regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste do Brasil.
Principais consequências da crise
A crise afeta todos os setores econômicos, em especial, o industrial, que necessita de grandes quantidades de energia elétrica para manter sua produção.
A situação preocupa empresários do setor pelo risco de racionamento e apagão, o que impediria a produção industrial e prejudicaria, ainda mais, a recuperação da economia do País, após a pandemia de COVID-19.
Como reduzir os impactos da crise energética?
Em momentos de crise como este, para suprir a necessidade de energia, o governo precisa acionar as usinas termelétricas, que existem no sistema como uma reserva de segurança. O problema é que o custo desse tipo de produção é mais alto e prejudica muito mais o meio ambiente, por depender da queima de combustíveis, como carvão ou petróleo.
Uma alternativa mais rápida, de menor custo para empresas e indústrias, e que traz diversos benefícios para o meio ambiente, seria o investimento em autogeração/geração distribuída de energia. Nesta modalidade, a geração elétrica é feita no próprio local de consumo ou próximo a ele, através de sistemas geradores.
Estas soluções utilizam fontes renováveis (como a solar, a eólica e a biomassa), para a geração de energia. A solução é ideal para comércios e indústrias, pois além de reduzir custos com a geração de energia, torna as empresas mais atrativas para investimentos.
Isto porque o uso de fontes de energia limpa é considerado uma prática condizente com os ideais de ESG (Environmental, Social and Governance), um índice utilizado para medir as práticas ambientais, sociais e de governança de uma empresa, e que é considerado por investidores na hora de investir o seu capital.
Confira abaixo algumas das fontes de energia que podem ser utilizados para a geração distribuída:
Biomassa – Matéria orgânica, de origem vegetal ou animal, utilizada com a finalidade de se produzir energia. Exemplos de matérias: o cavaco de eucalipto, a casca de arroz, o caroço de açaí, a serragem e o bagaço de cana de açúcar.
Biogás – Combustível gasoso, gerado por meio da decomposição da matéria orgânica (biomassa) por bactérias, que, posteriormente, pode ser utilizado para a geração de energias elétrica e térmica.
Solar – Energia elétrica gerada por painéis solares para atendimento local de demanda ou remotamente (Geração Distribuída).
Energia eólica – Energia produzida a partir da energia cinética do vento (massas de ar em movimento).
Diversificação da matriz energética
A longo prazo, a diversificação da matriz energética brasileira é a melhor forma de evitar futuras crises de energia.
Nos últimos anos, houve uma evolução nesta diversificação, com a implementação de novas fontes renováveis de energia. Em 2001, 85% de toda a energia elétrica gerada no Brasil era originária da fonte hídrica. Hoje, este número é de 65%.
A energia eólica representa, atualmente, 11% de toda a capacidade instalada no Brasil, cerca de 19 gigawatts. A expectativa do Governo Federal é dobrar este número nos próximos dez anos.
A energia solar é outro tipo de fonte que tem ganhado espaço na matriz. Nos últimos três anos, o crescimento deste tipo de energia foi de 200% da energia solar centralizada e de 2000% da energia solar distribuída. Hoje, o Brasil tem cerca de 10 gigawatts de capacidade instalada representada pela energia solar.
Outra fonte de energia é a biomassa. Em termos de geração de energia elétrica, quase 10% da nossa energia é produzida por resíduos de cana. A expectativa é ampliar o uso de resíduos orgânicos, aproveitando o potencial de biogás e biometano.
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